quarta-feira, 3 de abril de 2013

Estrada

É preciso amar as pessoas
como se não houvesse amanhã
porque se você parar pra pensar
na verdade não há

Passei por tanta coisa. Não digo nestes últimos tempos, digo na minha vida em geral. Conheci culturas, conheci pessoas, conheci bocas, conheci corpos, conheci almas, conheci músicas que me lembravam de cada um que passou pela minha vida e de alguma forma me marcou. 
Foi tanta experiência, tantos problemas, tantos aprendizados que, ao me lembrar, me dá uma vontade de chorar. 
Vontade esta que, é claro, não transformo em real por uma das pessoas que mais marcou minha vida, o dono da promessa que à tanto quebrei e agora quero voltar a seguir.
E eu amei ele como se não houvesse amanhã, e é uma das poucas coisas das quais não me arrependo, pois os braços da morte chegaram até ele, e na verdade não havia um amanhã.

Quero que saibas que me lembro
queria até que pudesses me ver
és parte ainda do que me faz forte
pra ser honesto só um pouquinho infeliz

E ao lembrar dele me lembro também da minha infância, que terminou assim que cheguei em Curitiba.
Aracaju foi tão bom. Aracaju foi tão bom.
Aracaju é uma parte mais importante de mim do que meus dedos, que hoje escrever compulsivamente. E em Aracaju havia ele. E ele eu também amei.
Era um amor de criança, não fazia o mínimo sentido, e hoje eu vejo que era apenas -como explicar?- amor. Puro e simples, sem sexualidade envolvida, apenas amor.
Um amor que, inclusive, não morreu e nunca morrerá, enquanto eu viver.
Porque é o amor mais puro que existe dentro de mim.
E Aracaju sempre foi tão bom.

Não tenho medo do escuro
mas deixe as luzes
acesas agora
O que foi escondido
é o que se escondeu
e o que foi prometido
ninguém prometeu
nem foi tempo perdido
Somos tão jovens!

Mas Curitiba me trouxe novamente a realidade. E a realidade era legal também. Difícil, confusa, cruel, mas bela, porque a beleza pode ser vista nas coisas tristes.
Era uma história linda, incrível, como uma chama ardente que só crescia mais, mais, mais, mais.
E apagou.
Éramos muito jovens. Éramos crianças querendo levar a vida de um adulto, o que é, por um acaso, exatamente o que fazemos hoje.
Foi bom enquanto durou, e de certa forma não guardo rancor. O aprendizado que eu tive nessa época foi o maior da vida até então, e aprendizado nunca é demais.
Mas, como tudo na vida, acabou, e é assim que deve ser, porque não?

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo de repente
uma vontade de se ver
e os dois se encontravam todo dia
e a vontade crescia, como tinha de ser

E agora estamos aqui, bem no meu presente. A jornada contava aqui não é nem um terço do que eu já vivi até então, mas o tempo não pára e a vida se ajeita. E aí eu encontrei ele, o espírito do presente. O que ele tem a me ensinar? Não sei, não quero saber; quero sentir, quero viver o que ele tem a me ensinar, e eu sei que é muita coisa.
Não sei o que será do amanhã, tenho medo dele, principalmente com a vida confusa que estou vivendo. Mas importa? No final não, se o amanhã não for durar para sempre (e digo isso em todos os quesitos da minha vida) basta apenas mudar de música, e contar uma nova história.

Por que não?


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