sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A cor da prisão não me torna mais livre

Me odeio a cada dia que me pego pensando em você, e penso em você todo dia. É um sentimento dúbio, as vezes sinto que você não está tentando me enganar, que é honesto (mesmo que sem-noção de nada), e as vezes tenho plena certeza de que me usa para manter a sua auto-estima lá em cima.
Não consigo me livrar dessa maré, quanto mais eu fujo mais me sinto puxada em sua direção. Cada vez que nos vemos tudo fica tão lindo, tão bom, tão irreal. 
Sinto vontade de chorar, mas me recuso. É sério, não vale a pena, não enquanto você está dando risada com seus amigos, curtindo uma noite de sexta-feira. Chorar só vai expor mais ainda minha fraqueza. Chorar só vai fazer eu me sentir mais otária ainda por me importar com você, que só se importa comigo quando o preço é baixo.
Detesto ter que escrever esse texto aqui, detesto ter escolhido não sair hoje, mas não vou me igualar. Eu poderia sair pra encher a cara e dar uns beijos, mas seria mentira dizer que quero encher a cara e dar uns beijos, e eu não usaria alguém só pra atender os meus caprichos. 
Se eu tivesse o frasquinho do esquecimento, tomava sem nem pensar sobre. Esqueceria tudo, pro bem e pro mal. Suas mentiras não estariam cravadas em mim, mas seu abraço já não seria o melhor do mundo.
Se eu tivesse o frasquinho do esquecimento, você se arrependeria de ter desperdiçado tantas vezes de se tornar inesquecível, e me veria passar por aí torcendo pra que eu ao menos lembrasse seu nome.
Se eu tivesse esse maldito frasco, não faria diferença todas as vezes que você prometeu estar ali pra mim e não esteve. Eu não contaria (assim como não deveria contar, de qualquer forma) com a sua ajuda quando eu me sentisse triste, porque na minha mente você nunca teria dito que cuidaria de mim.
O pior é saber que eu conseguiria. Se eu me esforçasse bastante conseguiria ver essa armadilha gigante onde me enfiei e buscar uma saída. Mas eu me recuso. Toda vez que penso em como deveria jogá-lo no abismo da minha indiferença, acabo me jogando no lugar. É como se eu não quisesse esquecê-lo, mesmo sabendo que deveria.
Me cansa. Mais do que isso, me esgota profundamente. A pior parte é a punhalada, que vem quando você finge se importar, mas não finge tão bem assim. Pra mim chega, é quase uma súplica isso daqui.
Você já foi, só falta eu ir, mas eu ainda estou aqui, e você?

Vai dar tudo certo, em algum momento.

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