domingo, 19 de outubro de 2014

Entre tapas e beijos

Pre-ci-so contar o meu dia, porque ele teve potencial pra ser o dia mais irritante desse ano todo, mas conseguiu ser bem divertido.

Sobre a minha manhã, não quero falar muito. O dia tava bonito, era dia de feirinha, a banda Juremá ia tocar lá (o que deixa os dias na feirinha bem mais sonoros, diga-se de passagem). É claro que nada disso aconteceu porque assim que chegamos um fiscal da prefeitura chegou e teve a ou-sa-dia de pedir pra gente sair dali.
Não vou mentir pra vocês, sempre soube que essa hora chegaria e foi necessário muito auto-controle pra não chorar na frente do cara. Na verdade até agora acho que só não chorei porque eu estava muito, muito irada. 
Pois bem, se quiserem detalhes dessa história vejam aqui, porque me irrita só de pensar em contá-la novamente (aproveitem e curtam a página do Da Igreja Ao Cortiço!!!!!!); saímos de lá e fomos para a escadaria que vai em direção à Tiradentes para buscarmos o nosso lugar ao sol. Os meninos da banda começaram a tocar, estendi as tirinhas lá e comecei a fazer malabares até que, quando já tínhamos um público legal olhando a gente, o que acontece? Um outro grupo musical munido de caixa de som, bateria e desrespeito começou a tocar no nosso lado. Falo em desrespeito porque, independente do local ser público, estávamos ali e eles poderiam muito bem ter chegado pra trocar uma ideia conosco antes de fingirem que éramos apenas um pedaço de bosta ali. Esse foi o segundo tapa, e a marca do primeiro ainda estava doendo bastante. Como não tinha outro lugar onde pudéssemos ir, desistimos do som e ficamos lá trocando ideia e bebendo uma cerveja até o horário da feirinha terminar. Nisso recebemos o primeiro beijo: um cachorro mó bonitinho que sentou conosco e fez a gente se sentir mais amados.
Depois do horário da feirinha fomos pro MON e, na hora de acender uma felicidade, quem aparece? Sim! Aqueles que proíbem a gente de acender uma felicidade. Terceiro tapa na cara, eita nóis!
Aí ficamos lá fazendo um malabarismo e um som, o MON bem vazio e tals, e então mamãe aos poucos foi dando a cara. Começamos a ouvir os trovões e decidimos que faria muito bem pra gente pegar uma chuvinha e tals.
Mas aí veio outro tapa na cara. Iansã olhou pra gente e pensou "cês querem pegar chuva é? vamos ver se vocês vão gostar de um granizo então!" e nós corremos pra parte coberta do MON.
Quem que vazou quando a chuva começou? Isso mesmo, os apagadores de felicidade. Mas não fazia diferença, porque a chuva não permitiria que a gente fosse fumar.
Aí nós cantamos, bebemos fontana escondido dos seguranças, fizemos amigos que bebiam cerveja escondido dos seguranças, e nesse tempo parou de chover granizo, e foi aí que eu decidi (quando me peguei quase chorando conversando com um amigo sobre a história de Iansã) correr, tanto fazia pra onde, eu só queria correr na chuva sem me importar. Foi o segundo beijo, me senti abraçada, me senti leve, e chorei, chorei as dores de todos esses dias, as dores desse final de semana tão cretino e tão bom.
O quarto beijo veio logo em seguida. Lembram do cachorro que sentou conosco no começo dessa patifaria de texto? Então, ele ressurgiu no MON, doido por carinho e tremendo de frio. Fiz o que pude: cobri ele com a minha canga o máximo que consegui e fiquei abraçando ele pra ver se o bichinho parava de tremer, hahah. Demos o nome de Xangô pra ele, e ele nos disse adeus quando a chuva diminuiu. 
Aliás, e quem voltou quando a chuva diminuiu? Policial derrete na chuva, pelo visto! Não teve problema, eles ficaram fechadinhos dentro do módulo policial e a gente aproveitou pra abrir nossa mente.
Na hora de ir embora é claro que voltou a chover um monte, mas não nos intimidamos: precisávamos ir e não iria parar de chover tão cedo. Assim que o frio bateu a gente viu que seria mais difícil do que parecia inicialmente, mas a gente andou até esquentar, hahah. Paramos do lado do pastel do juvevê e o grupo dividiu, enfim.
A história continua, mas eu paro por aqui, vocês não precisam saber do resto. Hoje foi um dia que se nós tivéssemos nos deixado abater teríamos perdido, mas fomos em frente e fez jus, valeu a pena. São os tapas na cara que ensinam, mas ainda bem que tem uns beijos também pra curar.
 

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